COPA 2014

COMISSÕES DA CÂMARA E SENADO DEBATEM
POLÍTICAS AMBIENTAIS PARA COPA 2014


Volney Zanardi (MMA), Ricardo Soavinski (ICMBio), senador Benedito de Lira, jornalista José Pedro Martins, deputado Jonas Donizette, Cláudio Langone e Ricardo Gomyde (Ministério do Esporte) na mesa-redonda


As políticas ambientais para a sustentabilidade na Copa do Mundo de 2014 estiveram em debate na última sexta-feira, 12 de agosto, em seminário realizado no Centro de Eventos Onça Pintada, do Hotel SESC Porto Cercado, no Mato Grosso. A iniciativa do seminário foi do Sistema Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)/SESC/SENAC, em parceria com as Comissões de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados e de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado Federal.
      O propósito do evento era conhecer e discutir as iniciativas do Poder Executivo e do Legislativo voltadas para a realização da Copa Verde, ou Copa da Sustentabilidade, incluindo suas temáticas de sustentabilidade e os compromissos com os esperados legados sociais para os cidadãos brasileiros.
     A oportunidade para que a Copa de 2014 seja de fato marcada pelos seus compromissos com a sustentabilidade foi destacada, na abertura do seminário, pelo presidente do Sistema Fecomércio/SESC/SENAC do Mato Grosso e secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia do Estado, Pedro Nadaf. Ele representou o presidente do Sistema CNC/SESC/SENAC, Antonio Oliveira Santos. “O Brasil tem uma oportunidade histórica para promover uma Copa da Sustentabilidade, que deixe um legado verde, em benefício das atuais e futuras gerações”, destacou Pedro Nadaf.
     O assessor especial do Ministério do Esporte, Ricardo Gomyde, representando o ministro Orlando Silva Júnior, acentuou por sua vez que a Copa de 2014 será uma grande ocasião para que o Brasil dê “um salto de qualidade nos serviços e na modernização da infraestrutura”. Observou que a Copa deverá ser vista, de forma acumulada, por 26 bilhões de espectadores, o que representará especial oportunidade para a divulgação do Brasil. Cerca de 19 mil jornalistas e 375 emissoras de televisão deverão estar no país, além de 600 mil turistas estrangeiros, observou Gomyde, destacando o conjunto de 94 grandes projetos associados à Copa, como 50 em mobilidade urbana, sete ligados a portos, 12 a estádios e 25 a aeroportos. Este será um dos grandes legados, disse, acrescentando que “também haverá os benefícios intangíveis, como a visibilidade internacional do Brasil, os avanços no turismo e nos arranjos institucionais”.
       O significado específico da Copa de 2014 para a área ambiental foi comentado pelo diretor do Departamento de Gestão Estratégica do Ministério do Meio Ambiente, Volney Zanardi, que representou a ministra Isabella Teixeira. Ele destacou que, desde o início, o Ministério considerou a Copa como uma oportunidade histórica para consolidar uma coordenação de políticas públicas. Oportunidade, ainda, para o Brasil construir políticas direcionadas para a Economia Verde, um dos temas em debate na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho de 2012, no Rio de Janeiro.

Mesa-redonda – Após os pronunciamentos de abertura, teve início a mesa-redonda orientada para aprofundar as reflexões, que teve como mediador o jornalista José Pedro Soares Martins. Mesa composta por duas exposições, seguidas de debates.
       O coordenador da Câmara Temática de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa de 2014 do Ministério do Esporte, Cláudio Langone, falou sobre o “Turismo Sustentável e Preservação Ambiental na Copa de 2014”. Ele salientou o momento histórico vivido pelo Brasil, com a realização da Rio+20 em 2012, Copa das Confederações em 2013, da Copa de 2014 e das Olimpíadas em 2016. Um momento, lembrou, que coincide com questões como a possível entrada em vigor de um novo regime global de prevenção de mudanças climáticas, que vai suceder ao Protocolo de Kyoto que expira em 2012.
     Trata-se, então, de um momento excepcional para o Brasil consolidar uma liderança internacional em meio ambiente e sustentabilidade. Dependendo do que o Brasil fizer em relação à Copa de 2014, o evento servirá de referência para as próximas competições da FIFA, notou Langone.
      O representante do Ministério do Esporte detalhou como a pasta vem trabalhando a coordenação de políticas para a Copa de 2014. O trabalho é executado por Câmaras Temáticas em esfera federal e que também estão sendo reproduzidas nas doze cidades-sede dos jogos. As Câmaras seguem diretrizes gerais estabelecidas pelo conjunto de atores envolvidos. Os projetos ligados à Copa foram divididos em cinco grandes grupos, disse Langone: 1. A certificação dos estádios; 2. A Copa Orgânica, direcionada para o estímulo ao consumo de produtos orgânicos; 3. Os Parques da Copa, visando fomentar o turismo em parques nacionais; 4. A estruturação de sistemas de coleta seletiva e reciclagem nas 12 cidades-sede; e 5. Ações de prevenção às mudanças climáticas, como inventários de gases-estufa nas 12 cidades-sede.
       O diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ricardo Soavinski, falou em seguida, sobre “A utilização das Unidades de Conservação na Copa de 2014”. Ele salientou a contribuição da Copa de 2014 para a consolidação de destinos turísticos no Brasil, tendo como âncoras os parques nacionais e outras Unidades de Conservação (UCs).
      O propósito, sublinhou, é que a Copa contribua para o significativo aumento da visitação aos parques, que as UCs sejam ainda mais valorizadas e que seja uma oportunidade para a criação de empregos e renda, para o desenvolvimento regional e melhoria da imagem do Brasil no conjunto da comunidade internacional. Foram identificados, então, alguns destinos turísticos especiais, que serão objeto de políticas de qualificação em razão do movimento gerado pela Copa.
        Os debates – Após as exposições, os parlamentares presentes apresentaram suas questões vinculadas às políticas ambientais para a Copa de 2014. O presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, Jonas Donizette (PSB-SP), destacou a oportunidade da Copa de 2014 para que seja apresentada ao próprio brasileiro e a todo planeta a rica diversidade biológica e cultural existente no país. As 12 cidades-sede da Copa, lembrou o deputado Jonas Donizette, estão localizadas em todos os biomas existentes no Brasil. “É um momento excepcional para mostrarmos como o Brasil é bonito”, resumiu o parlamentar.
      O senador Benedito de Lira (PP-AL), presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado, enfatizou a necessidade de que as ações voltadas para a Copa de 2014 considerem o componente educacional. Por isso, propôs que o Ministério da Educação participe das ações direcionadas para a Copa. O senador ainda reiterou a oportunidade histórica para que a Copa contribua para o desenvolvimento regional, sobretudo de regiões como Nordeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil.
      O deputado Fábio Souto (DEM-BA) destacou a necessidade de fiscalização das obras relacionadas à Copa de 2014, sobretudo em termos do uso de dinheiro público, e indicou a oportunidade para que ocorram avanços no saneamento básico e destinação de resíduos sólidos.
      Por sua vez, a deputada Dorinha Seabra (DEM-Tocantins) defendeu que o componente cultural deve estar presente nas políticas e ações pensadas para a Copa de 2014. Também defendeu que parques de estados onde não haverá jogos na Copa (como o Parque Jalapão, em Tocantins) também sejam amplamente divulgados durante a competição.
     O deputado Rui Palmeira (PSDB-AL) foi igualmente enfático na defesa da ampliação do saneamento básico, sobretudo nas regiões onde a cobertura é menor, como o Norte e Nordeste. Já o deputado Washington Reis (PMDB-RJ), primeiro vice-presidente da Comissão de Viação e Transporte, renovou a expectativa de que a Copa contribua para melhorar a mobilidade urbana nas cidades-sede, como um dos legados importantes da competição.
      A divulgação das belezas e diversidade em todos estados brasileiros foi também defendida pelo deputado André Moura (PSC-SE). Já o deputado Carlaile Pedrosa (PSDB-MG) apontou a importância de que cidades históricas, como Ouro Preto e Mariana, sejam divulgadas no cenário da Copa de 2014.
     O deputado Delegado Protógenes Queiroz, do PC do B de São Paulo,  ressaltou a oportunidade para que a Copa de 2014 contribua para a qualificação dos serviços no Brasil. A respeito, o representante do SENAC, Antonio Henrique, destacou o programa do Sistema CNC/SESC/SENAC, que pretende capacitar cerca de 1 milhão de pessoas em função da Copa do Brasil.
     Roberto Velloso, chefe da Assessoria junto ao Poder Legislativo (APEL) da CNC, fechou o seminário o Seminário no Centro de Eventos Onça Pintada do Hotel SESC Porto Cercado. Ele destacou a relevância dos legados sociais que a Copa de 2014 pode deixar para a sociedade brasileira, em diversas áreas.         
         COPA DE 2014 VAI FORTALECER CONTRIBUIÇÃO DO
FUTEBOL PARA DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

      A FIFA tem participado de forma crescente do debate sobre esporte e sustentabilidade. As Copas do Mundo de Futebol têm cada vez mais incorporado iniciativas ligadas à sustentabilidade. A Copa de 2014, no Brasil, será momento especial nesse sentido. A promoção do desenvolvimento regional e do turismo sustentável será muito forte por ocasião da Copa brasileira. Estados e regiões que receberão os jogos terão grandes oportunidades para o fomento ao turismo sustentável, que deverá incorporar cuidados como preservação das áreas protegidas, promoção da cultura local, geração de renda e emprego nas comunidades locais, valorização e promoção do patrimônio ambiental e histórico local, ampla informação ao público sobre biodiversidade e outros aspectos dos recursos naturais e paisagens das áreas protegidas, recomendações especiais para as agências turísticas, controle do tráfego nas áreas protegidas, entre outras ações. 
        A Comissão de Turismo e Desporto da Câmara Federal, presidida pelo deputado Jonas Donizette(PSB-SP); a Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado, presidida pelo senador Benedito de Lira (PP-AL); e a Comissão de Educação, Cultura e Esporte, do Senado, presidida pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), têm acompanhado e participado de várias ações relacionadas à Copa de 2014 e Olimpiadas 2016 no Rio, ligando sustentabilidade, desenvolvimento regional e turismo.
       “O Brasil é um exemplo para o mundo, até mesmo em função de suas características físicas. Esta será uma oportunidade de o país mostrar ao mundo que a agenda de responsabilidade social e ambiental deve ser levada adiante, para além dos eventos mundiais esportivos”, afirmou Federico Addiechi durante os trabalhos de abertura da Câmara Temática de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa de 2014, em maio de 2011.
      Na mesma oportunidade, o assessor especial do Ministério dos Esportes, Claudio Langone, afirmou:  “O Brasil é reconhecido internacionalmente como país mega diverso, o que implica em uma oportunidade para avançarmos nesses temas. É uma decisão política do governo federal agendar o mundo para a questão da sustentabilidade, correspondendo à grande expectativa que a Fifa tem nesse campo”.

    Várias cidades e regiões que vão sediar jogos da Copa de 2014 no Brasil já estão se preparando para suas ações de sustentabilidade. Curitiba (PR) apresentará o Hibribus, com motores elétrico/biodiesel. Em Cuiabá (MT), será implantado o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), modernizando o transporte público. Oito estádios em construção para a Copa de 2014 estão buscando o Leed, selo verde em construções sustentáveis. Cidades-sede estão preparando inventários de emissão de gases de efeito-estufa. (JPMartins)