quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Conselhão gaúcho é o primeiro a incluir debate sobre legado da Copa 2014, com Câmara Temática instalada nesta quarta-feira

O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Rio Grande do Sul (CDES-RS) instalou nesta quarta-feira, 29 de agosto, os trabalhos da Câmara Temática que irá monitorar o legado econômico, social e ambiental da Copa de 2014 para o estado. Porto Alegre será uma das 12 cidades-sede da competição e o Conselhão, como é conhecido o CDES-RS, é o primeiro organismo estadual com esse perfil a debater o legado da Copa para o respectivo estado.
“O objetivo desse grupo é buscar pontos de convergência entre os diversos segmentos da sociedade civil, através dos conselheiros do CDES-RS, sobre os benefícios à comunidade gaúcha, tanto em termos de inclusão social como de desenvolvimento econômico”, destacou o secretário Executivo do CDES-RS, Marcelo Danéris, observando que foram os próprios conselheiros que demandaram a constituição da Câmara Temática.
O secretário estadual de Esporte e Lazer, Kalil Sehbe, citou algumas ações de mobilidade urbana, que farão parte do legado da Copa de 2014 para Porto Alegre, como adaptações no Aeroporto Salgado Filho, estruturação da Linha Móvel em Porto Alegre, ampliação do Trensurb até o município de Novo Hamburgo e a implantação da Avenida do Parque.
Entre os conselheiros que se pronunciaram, o capitão da seleção brasileira na Copa de 1994, Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga, reiterou que a função da Câmara Temática será estar junto com o governo "para acompanhar e cobrar ações voltadas ao legado". Além da cidade-sede, Porto Alegre, o Rio Grande do Sul terá locais de hospedagem para oito seleções na Copa de 2014. Sete Centros de treinamento já foram habilitados.

Copa 2014 e Olimpíadas 2016 em debate no Conselho de Desenvolvimento do governo federal

A contribuição da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 para o desenvolvimento do país, em bases sustentáveis, é um dos pontos que estarão em debate nesta quinta-feira, 30 de agosto, na terceira reunião plena do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) do governo federal, no mandato da presidente Dilma Roussef.  Sob a coordenação do secretário executivo do Conselho, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, o encontro do pleno do Conselho terá a participação dos conselheiros e de vários ministros.
O panorama do desenvolvimento brasileiro e a conjuntura serão apresentados por conselheiros representando os setores empresarial e trabalhista presentes no CDES, entre outros. Em seguida estão previstos os pronunciamentos do ministro Guido Mantega e da presidente Dilma Roussef. O encontro do pleno do Conselho será encerrado com as mesas de diálogo.
As mesas irão aprofundar a discussão sobre o panorama do desenvolvimento brasileiro e a conjuntura internacional e identificar os principais desafios estratégicos e conjunturais "para garantir o ritmo do desenvolvimento, com dinamismo econômico, inclusão social e sustentabilidade ambiental", segundo a pauta do encontro. Nas mesas estarão mais presentes os megaeventos que o Brasil irá sediar nos próximos anos: Copa das Confederações em 2013, Copa do Mundo da FIFA de 2014, Olimpíadas e Paralimpíadas de 2016.

sábado, 25 de agosto de 2012

Favoritos da Premier League são campeões em ação social

Os cinco clubes considerados favoritos a vencer a Premier League 2012-2013, Manchester City, Manchester United, Chelsea, Arsenal e Liverpool, são campeões em ação social na Grã Bretanha e uma referência em contribuição para o desenvolvimento comunitário no futebol europeu. Todos os cinco clubes implementam programas e projetos próprios e também iniciativas em parceria com organizações sociais, principalmente na área da infância e juventude.
Manchester City - O campeão da temporada passada, Manchester City, tem a ação social em seu DNA. A equipe que viria a ser o Manchester City Futebol Clube foi criada em 1880 pela família Connell, da Igreja de São Marcos, em West Gorton. Uma das iniciativas é a Ação para Cegos, em parceria do clube com o Real Instituto Nacional para Cegos, que trabalha na melhoria das condições de vida de pessoas cegas e com ambliopia desde 1875.
Outra ação resultou da parceria entre Manchester City e Sport Relief, na criação do "Shoot for the moon" ("Chute para a lua"), visando arrecadar fundos para investimento em projetos destinados ao desenvolvimento de jovens em situação de vulnerabilidade social. Esport Relief é uma organização que arrecada fundos destinados a programas e projetos de desenvolvimento humano no Reino Unido e vários países, vinculados ao esporte. As suas principais áreas de atuação: fornecimento de locais seguros para crianças vítimas de violência; apoio ao fornecimento de saneamento e água limpa em países pobres, sobretudo da África; e campanhas de vacinação e outras ações de saúde em benefício de crianças de países pobres.
Manchester United - O vitorioso clube de Manchester mantém uma parceria que já dura 13 anos com o Unicef.  Os recursos arrecadados nesse período pelo Manchester forma investidos em programas do Unicef beneficiando a mais de 2 milhões de crianças. Em 2011 foi iniciado um projeto especial voltados para o atendimento à saúde  de crianças no Senegal. O objetivo é equipar 35 centros de sobrevivência infantil, para atender mães e bebês.
A Fundação Manchester United trabalha em parceria com várias organizações, com ações em educação e desenvolvimento comunitário. O clube apoia ações em futebol júnior, futebol feminino, e formação de treinadores. A Diretoria de Desenvolvimento Comunitário trabalha no momento com o apoio a centros de desenvolvimento em várias regiões de Manchester: Astley Sports College, Broadoak High School, Burnage Media Arts College, Irlam & Cadishead High School, Manchester Enterprise Academy, Manchester Health Academy, News Charter Academy e Stretford High School. Outra preocupação da Fundação Manchester United é com a promoção da alimentação e outros hábitos de vida saudável, visando combater o estresse e eliminar o uso do fumo.
Chelsea -  O Chelsea desenvolve o programa Kickz, que visa utilizar o futebol como instrumento para o fortalecimento de comunidades vulneráveis e o desenvolvimento integral de jovens em Wandsworth, Kensington, Chelsea, Hammersmith, Fulham e Westminster. Um trabalho específico é voltado para apoio a pessoas que estiveram ausentes do mercado de trabalho. O clube promove um curso de formação de 10 semanas para construir a confiança dos estagiários, melhorar as suas aptidões e talentos e ajudá-los a voltar ao emprego. Workshops são realizados em Stamford Bridge.
Uma das organizações apoiadas pelo Chelsea é o Prince´s Trust, que desenvolve programas de apoio ao empreendedorismo de jovens, auxílio a jovens que elaborem projetos visando beneficiar suas comunidades e incentivo à melhoria educacional de jovens de 13 a 19 anos. O projeto GoalZ é voltado para o apoio a jovens da comunidade de Elmbridge. Outro trabalho é feito em parceria com a Street League, visando o apoio a jovens de comunidades vulneráveis. Um trabalho anti-discriminação é feito no sudoeste de Londres, em programa dirigido pelo primeiro jogador negro do Chelsea, Paul Canoville. O jogador faz visitas regulares a escolas londrinas, reforçando o não ao racismo.
Arsenal - O apoio a ações comunitárias é tradição no clube. Em 2003 o Arsenal Futebol Clube passou a canalizar sua captação de recursos para uma instituição de caridade por ano. Já foram beneficiadas organizações como ChildLine, David Rocastle Trust, Fundação Willow, TreeHouse, Teenage Cancer Trust, Caridade Great Ormond Street Hospital da Criança e Centrepoint. O Arsenal também mantém parceria com a unidade britânica de Save The Children, uma das mais conhecidas organizações de apoio aos direitos das crianças em esfera internacional. Durante a turnê da equipe pela Ásia neste ano, jogadores do Arsenal visitaram um centro apoiado por Save The Children na China, voltado a melhorar a qualificação de professores e desempenho dos alunos. Crianças vítimas do terremoto no Japão e da seca na África já foram auxiliadas em função da parceria.
O Arsenal mantém uma Política de Igualdade de Oportunidades, de combate à discriminação. O combate ao racismo também é feito pelo Programa Arsenal para Todos. Mais de mil crianças participam do programa por ano. O Arsenal na Comunidade desenvolve, entre outras ações, iniciativa visando a promoção da tolerância e boa vontade entre crianças de todos credos religiosos.
Liverpool - Por seu apoio ao Programa Ação para a Saúde, o Liverpool ganhou importante reconhecimento. O programa teve apoio da Cãmara Municipal de Liverpool e verbas do Fundo Social Europeu, utilizadas para financiar vários projetos comunitários, como cursos de saúde para mulheres, prevenção e combate a obesidade em crianças e exames de saúde em adultos durante eventos. Outra iniciativa do Liverpool é voltada para o fortalecimento familiar.   
O Liverpool trabalha para que o projeto do novo estádio contribua para o desenvolvimento de toda a região oriental do Stanley Park. O parque que representa importante opção de lazer foi restaurado, com o plantio de milhares de árvores e melhorias em lagos, pontes e jardim de rosas. O clube mantém um programa de apoio a pessoas com deficiência, baseado em um centro poliesportivo. O projeto Reduc@ate visa, com o apoio de estudantes de três universidades de Liverpool, o incentivo e reforço escolar de jovens em literatura, matemática e novas tecnologias de informação e comunicação. As atividades são planejadas para que sejam agradáveis e estimulantes. O Reduc@ate também viabiliza o intercâmbio de escolas inglesas e de Barcelona, para que os alunos aprendam melhor o espanhol.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Inauguração da Arena Amil une tricampeão olímpico a momento histórico para a cultura e o esporte de Campinas

Neste domingo, 26 de agosto, acontece o lançamento oficial da equipe de voleibol feminino da Amil, em Campinas, dirigida pelo tricampeão olímpico José Roberto Guimarães e com a participação de atletas de ponta como Walewska, Fernandinha, Pri Daroit e a cubana Daymi Ramirez. O lançamento ocorrerá durante festa que contará com shows previstos do cantor Leonardo, de Bola Sete e do DJ Cesinha Filter, entre 14 e 19 horas, na Arena Amil, novo nome do Ginásio do Clube Concórdia, totalmente reformado. O Clube Concórdia, com quem a Amil fez esta parceria, é um dos poucos clubes centenários do estado de São Paulo e um dos mais antigos em atividade no Brasil.
O clube foi fundado em 17 de maio de 1870, por um grupo de jovens alemães que desejavam um espaço para praticar esportes e cantar. Nascia o Gesangverein Concórdia - Sociedade Alemã de Canto Concórdia, que passou a ser um dos territórios da música e do canto coral na cidade, ao lado de outros grupos da comunidade alemã, como o Phil Euterpe e o Gesangverein Enträch.
O Gesangverein Concórdia foi fundado apenas dois meses depois da estreia, a 19 de março, no Teatro Scala, em Milão, de "O Guarani", a ópera que imortalizou o maestro campineiro Antônio Carlos Gomes, considerado o nome histórico da cultura local. A projeção do Gesangverein Concórdia foi rápida e em 1875 ele se apresentou para o Imperador D.Pedro II, em uma de suas visitas a Campinas. O mesmo D.Pedro II que, doze anos antes, havia dado apoio integral à ida de Carlos Gomes para a Europa.
Com o tempo o Gesangverein Concórdia se consolidou como um dos mais importantes clubes esportivos e culturais de Campinas. Após a Segunda Guerra Mundial, o nome foi substituído para Clube Concórdia.
A tradição musical perdurou. Na antiga sede social, no centro da cidade, se apresentaram nomes de destaque como Roberto Carlos, Nelson Gonçalves e Altemar Dutra. Na década de 1960, o Concórdia adquiriu uma gleba na estrada para o distrito de Sousas, onde construiu seu clube de campo. O ginásio poliesportivo começou a ser construído em 1992. É este ginásico que, reformado, foi batizado de Arena Amil, para sediar as partidas da nova equipe brasileira de voleibol, no quilômetro 6 da atual rodovia Heitor Penteado. A antiga sede social do Concórdia, no centro, foi alugada para uma entidade beneficente e nela funciona o sistema Bom Prato, iniciativa do governo estadual.
Campinas tem outros quatro clubes centenários: o Clube Semanal de Cultura Artística, de 1857; o Jockey Club Campineiro, de 1877; a Associação Atlética Ponte Preta, de 1900; e o Guarani Futebol Clube, de 1911. A tradição esportiva da cidade continua, agora com o lançamento de forte projeto no voleibol feminino. (Por José Pedro Martins/Renato Fabretti)

II Festival Olímpico Intermunicipal de 2012 em El Salvador pela paz e o desenvolvimento humano



Neste vídeo divulgado por Naciones Unidas de El Salvador, mensagem anunciando o II Festival Olímpico Intermunicipal neste país centroamericano, evento multidesportivo de convivência que teve a participação de mais de 1000 crianças e adolescentes, moradores em nove municípios. Os jovens disputaram as modalidades futebol, futebol de salão, basquete, softball, atletismo e natação.
O festival foi organizado pela Prefeitura de San Salvador, com o apoio do Comitê Olímpico de El Salvador COES, no âmbito do Programa Conjunto Redução da Violência e Construção de Capital Social em El Salvador do Sistema das Nações Unidas, que objetiva criar condições que contribuam para o desenvolvimento humano, o fortalecimento da governabilidade democrática e a conquista dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. O festival teve a participação dos municípios de: Antiguo Cuscatlán, Colón, Cuscatancingo, Sacacoyo, San José Guayabal, Santa Tecla, Sonsonate, Sonzacate y San Salvador. As competições foram em San Salvador, em locais como as pistas de la Satélite e da colônia IVU, Chapupo Rodríguez e estádio Mágico González.

Da fuga do nazismo ao recorde em Londres, a história das paralimpíadas

Um anônimo mineiro ferido, que tinha lesão na medula espinhal e acabou falecendo na pequena localidade alemã de Konigshutte, em 1917, cumpre papel fundamental na história do nascimento do movimento paralímpico internacional, que também tem como componente uma fuga do horror do nazismo. A morte do mineiro ferido marcou para sempre a biografia de Ludwig Guttmann, que atuava como voluntário no hospital onde o paciente estava internado. Guttmann acompanhou a agonia do mineiro e, formado em Medicina em Freiburg, em 1924, não por acaso ficaria conhecido por seus métodos inovadores em recuperação de pacientes com lesões na medula espinhal.
Na Universidade Guttmann era membro de uma fraternidade judaica, que lutava contra o avanço do anti-semitismo. Após a graduação, trabalhou em Breslau e Hamburgo, voltando depois para Breslau. Proibido pelos nazistas de atuar em hospitais públicos, ainda continuou atuando no hospital judaico de Breslau, tendo evitado a transferência de dezenas de pacientes para campos de concentração, apesar das pressões permanentes da Gestapo.
Mas a situação na Alemanha foi ficando cada vez mais insustentável e Guttmann acabouo migrando com a família para a Inglaterra, em março de 1939, a convite da Sociedade para a Proteção da Ciência e Aprendizagem. Logo retomou suas pesquisas em Oxford, com o apoio do Conselho de Assistência aos Acadêmicos Refugiados.
Em plena Segunda Guerra Mundial, quando crescia de forma assustadora o número de mortos e feridos, Guttmann apresentou, em 1941, a pedido do Conselho de Pesquisa Médica da Inglatera, um amplo estudo sobre o tratamento e reabilitação de vítimas de pacientes com lesão na medula espinhal. Esta foi a origem da ideia de criação de um centro especial para tratamento desses pacientes. A ideia foi materializada quando Guttmann assumiu a direção do centro criado no Hospital Stoke Mandeville, em Aylesbury. O centro foi inaugurado em primeiro de fevereiro de 1944, com 26 leitos.
Desde o início o médico utilizou o esporte na reabilitação dos pacientes. Quatro anos depois, em 28 de julho de 1948, Guttmann organizou a primeira competição entre os pacientes, com a participação de 14 ex-militares e duas mulheres. Quatro anos depois, os jogos em Stoke Mandeville tiveram a participação de atletas holandeses - na realidade, veteranos de guerra. Era a gênese do movimento paralímpico internacional, que apenas cresceu nessas seis décadas, com uma nítida vocação pacifista, como indica a trajetória do dr.Ludwig Guttmann, falecido em 1980. A primeira edição das Paralimpíadas foi em Roma, em 1960. A primeira edição conjunta com os Jogos Olímpicos de Verão foi em 1988, em Seul. Quatro anos depois, em Barcelona, as Paralimpíadas adquiriram uma visibilidade que não parou mais de crescer. Em Londres, haverá um recorde de participação de comitês paralímpicos nacionais. Serão 166 e entre os países com primeira participação estão Albânia, Antigua e Barbados, Ilhas Virgens Americanas e San Marino. É a afirmação das paralimpíadas, como um marco do avanço do movimento global pela inclusão.

Paralimpíadas de Londres resgatam histórias de superação e fortalecem movimento pela inclusão

Entre 1980 e 2004, a nanadora norteamericana Trischa Zorn participou de todas as sete paralimpíadas e ganhou 46 medalhas, sendo 32 de ouro. A história da maior medalhista paralímpica de todos os tempos é uma das histórias de superação, que serão recontadas na décima quarta edição das Paralimpíadas, entre 29 de agosto e 9 de setembro, em Londres. Berço do movimento paralímpico internacional, foi em terras britânicas que começou uma trajetória marcada por exemplos de superação e que representa uma das faces do movimento planetário por cidades e sociedades inclusivas.
Serão 4280 atletas, disputando por 166 comitês paralímpicos nacionais. Muitos países estarão representados pela primeira vez em Londres, disputando em 503 eventos, 201 a mais do que nas Olimpíadas de Verão.  Cerca de 70% dos voluntários que trabalharão nas Paralimpíadas não participaram das Olimpíadas de Verão.
Muitos locais dos Jogos Olímpicos foram adaptados para receber as Paralimpíadas, como a Arena Riverbank para futebol de cinco e de sete, a North Greenwich Arena para basquete em cadeira de rodas e o Quartel de Artilharia Real para tiro ao arco. Dois espaços são novos: o Eton Manor, ao norte do Parque Olímpico, com nove tribunas para a competição de tênis de cadeira de rodas, e o legenário circuito de corridas de automóveis Brands Hatch, que sediará a competição paralímpica de ciclismo de estrada. 
Participação brasileira evolui - O Brasil participa com 182 atletas nas Paralimpíadas de Londres, dos quais 115 homens e 67 mulheres, representando 36,8% da delegação, 7,60% a mais do que em Pequim, em 2008. A velocista Viviane Soares, com 16 anos, é a mais nova atleta, e a mesa tenista Maria Luiza Passos, de 61, a mais experiente.
Em Pequim o Brasil ficou em nono lugar, com 16 medalhas de ouro, 14 de prata e 17 de bronze, somando 45 medalhas. Destaque para o nadador Daniel Dias, com quatro medalhas de ouro e duas de prata. Clodoaldo Silva é outro nadador de destaque na história paralímpica brasileira. Em quatro paralimpíadas ganhou 13 medalhas, sendo seis de ouro.
A avaliação da participação em Londres será fundamental para a projeção de novos saltos do movimento paralímpico no Brasil. O país cresceu muito no segmento nos últimos anos, como reflexo do avanço do movimento pela inclusão, mas ainda precisa ampliar os apoios e infraestrutura de modo a garantir uma expansão sustentada do movimento paralímpico.
Um plano de longo prazo, com metas e ações, visando as Olimpíadas de 2016, que serão no Rio de Janeiro, começou a ser traçado em 2010, quando o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) recebeu essa missão do presidente Luis Inácio Lula da Silva. Em 2011, foram criados o Time São Paulo e Time Rio, frutos da parceria entre o CPB e, respectivamente, governo de São Paulo e prefeitura do Rio de Janeiro. O objetivo é dar todo apoio para a preparação dos atletas com grandes condições de bom desempenho em Londres e no Rio de Janeiro.
No quadro geral de medalhas, computando as treze edições anteriores, o Brasil aparece no trigésimo segundo lugar, com 30 medalhas de ouro, 41 de prata e 46 de bronze, 117 no total. A liderança absoluta do ranking está com os Estados Unidos, com 1742 medalhas (630 de ouro), seguidos da Grã Bretanha com 1324 (451 de ouro) e Canadá, com 860 (320 de ouro). A liderança na América Latina é do México, com 201 medalhas, 71 das quais de ouro. A Argentina está uma posição à frente do Brasil, em segundo lugar na América Latina, com 140 medalhas, também com 30 de ouro.

Dunga conta sua experiência na instalação de Câmara Temática que vai monitorar legado da Copa 2014 em Porto Alegre

O capitão Dunga, da equipe tetracampeã mundial em 1994 e ex-técnico da seleção brasileira, será o palestrante na quarta-feira, 29 de agosto, em Porto Alegre, na cerimônia de instalação da Câmara Temática da Copa, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Rio Grande do Sul (CDES-RS). A ginasta Daiane dos Santos também integra a Câmara Temática, que terá o propósito de debater e monitorar o legado da Copa para Porto Alegre, uma das cidades-sede, e para todo estado.
A instalação  da Câmara ocorrerá às 14h30, na sede do Conselhão, no 21º andar do Centro Administrativo do Estado.
O CDES-RS é pioneiro em órgãos desse tipo em criar uma Câmara Temática voltada para a Copa de 2014. O Conselho é um espaço público não-estatal que tem o papel de analisar, debater e propor diretrizes para promover o desenvolvimento econômico e social do Estado do Rio Grande do Sul. É órgão consultivo do governador e integra o Sistema Estadual de Participação Cidadã. Busca intensificar o diálogo e a concertação, fortalecendo a democracia no Estado. Entre os temas em debate no momento no CDES-RS estão a criação do Conselho Estadual de Comunicação Social, o Pacto Gaúcho pela Educação e o desenvolvimento rural do estado.
A composição da Câmara Temática indica que representantes de diferentes setores do Rio Grande do Sul estarão acompanhando diretamente as obras e projetos relacionados à Copa de 2014. Os demais conselheiros inscritos na Câmara Temática da Copa são o advogado Antonio Escosteguy Castro, Vice-Presidente da Associação Gaúcha de Advogados Trabalhistas; Athos Roberto Albernaz Cordeiro,  presidente do SICEPOT-RS, entidade que representa a categoria econômica da construção pesada do Rio Grande do Sul; Celso Woyciechowski, presidente da CUT-RS; o médico Cláudio José Allgayer, fundador da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL) e da Confederação Nacional de Saúde (CNS), da qual é Vice-Presidente; o jornalista Ercy Pereira Torma, presidente da Associação Riograndense de Imprensa - ARI; Leonardo Monteiro Silveira, diretor da União Estadual dos Estudantes (UEE-livre); Maria Alice Lahorgue, Secretária Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência; Osvaldo Voges,  Diretor-presidente do Grupo Voges e Vice Presidente da Festa da Uva; Paulo D´’Arrigo Vellinho, ex-Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República; a arquiteta Underléa Miotto Bruscato, professora da UFRGS; o promotor Alexandre Sikinowski Saltz, Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre; a psicóloga Sandrali de Campos Bueno, representante dos povos tradicionais de matriz africana.

Cicloturismo - paixão pelo esporte e meio ambiente



Exemplo de aliança entre esporte e meio ambiente, no video da TV Brasil.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Expointer gaúcha será evento de teste para ação da saúde na Copa de 2014

Como o setor de saúde deve atuar durante uma grande competição esportiva, especificamente a Copa de 2014. A indagação será respondida ao longo da 35ª edição da Expointer, no Rio Grande do Sul, entre 25 de agosto e 2 de setembro. O evento servirá de teste sobre como funciona o setor de vigilância à saúde em megaeventos, visando a preparação para a Copa do Mundo daqui a dois anos. As ações na Expointer, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, serão coordenadas pela Secretaria Estadual da Saúde, em parceria com outras organizações.
A prevenção de intoxicação alimentar e hídrica, de disseminação de doenças e atuação em casos de traumas e acidentes serão alguns dos aspectos analisados durante a Expointer, que deverá ter a circulação de cerca de 500 mil pessoas. Um Centro Integrado de Operações e Comando da Saúde (Ciocs), para monitorar as ações no setor, foi idealizado para funcionar durante o evento.
Observadores da FIFA, representantes das 12 cidades-sede e servidores da Secretaria da Saúde e outros órgãos do governo gaúcho, além da Secretaria Municipal da Saúde de Esteio, participarão das atividades. Serão avaliadas questões relacionadas à vigilância sanitária (como venda de alimentos e condições sanitárias em geral), ao funcionamento da rede hospitalar (se houver necessidade de seu acionamento) e dos serviços oferecidos no interior do Parque de Exposições (como ambulatórios, ambulâncias e atendimento a ocorrências clínicas de baixa complexidade.
A Expointer recebe expositores e delegações de vários estados brasileiros e diversos países. São expostos animais, máquinas agrícolas e diversos outros produtos. A Exposição também conta com visitas monitoradas de estudantes e agricultores. O Rio Grande do Sul tem tradição em feiras agropecuárias. A primeira foi realizada em 1901, em pavilhões fechados no Campo da Redenção (atual área do Parque Farroupilha), em Porto Alegre.

Avança na Europa debate sobre corrupção no futebol e outros esportes

No próximo dia 30 de agosto, no Espace de l´ Europe 21, em Neuchâtel, na Suíça, será realizado o Simpósio Fraude no Esporte, com a participação de representantes de organizações como Transparência Internacional, Comitê Olímpico de Internacional e Centro Internacional de Estudos Esportivos (CIES) Observatório do Futebol, além de vários juristas. O simpósio vai debater a questão da fraude no esporte sob a perspectiva científica, visando identificar estratégias para solucionar o problema.
O simpósio é promovido pelo Instituto de Luta contra a Criminalidade Econômica (ILCE), em colaboração com a Transparência Internacional Suíça. Estarão em debate temas polêmicos como Aquisição e gestão criminal de clubes esportivos, Riscos financeiros ligados à transferência de jogadores de futebol, Aplicação do direito anticorrupção às organizações esportivas internacionais na Suíça, A luta contra o doping e A manipulação dos resultados esportivos.
Em 2009 a Transparência Internacional publicou o relatório "Corrupção e esporte: construindo integridade e prevenindo abusos". A organização observa: "Sempre que há uma competição, dinheiro ou poder envolvidoa corrupção é uma ameaça constante. A indústria desportiva não é imune a esta realidade. Desde a combinação de resultados a propinas para construção de estádios, o mundo esportivo tem visto uma série de escândalos de corrupção que manchou sua reputação".
Transparência Internacional nota que, embora a Carta Olímpica afirme que "procura criar um modo de vida  com base no (...) o valor educacional do bom exemplo e respeito com
 princípios éticos universais fundamentais", muitos esportes e organizações - segundo a organização anticorrupção - "ainda não adotaram abordagens eficazes para lidar corretamente com o problema da corrupção no desporto".
A organização sugere então algumas ideias para combater e prevenir a corrupção no esporte:  adoção de instrumentos anticorrupção, tais como os princípios da Transparência Internacional para Combater o Suborno nos Negócios, "para colaborar com a indústria de jogos internacionais a evitar abusos e corrupção"; parcerias com organizações internacionais anticorrupção e antifraude; parcerias entre organizações da sociedade civil e associações desportivas, eventos e equipes em atividades que promovam uma maior responsabilização e ajudem a produzir diretrizes de boas práticas; promoção dos valores fornecidos pelo esporte e sua utilização na educação, especialmente em colaboração com jovens atletas; estabelecimento de abordagens anticorrupção em organizações desportivas internacionais, como nos seus estatutos, constituições e códigos de conduta para
membros; promoção de transparência por parte de equipes e proprietários de clubes; promoção de regras claras e transparência na transferência de jogadores e no mercado de trabalho; construção
de pactos de integridade e de mecanismos para monitoramento cidadão de projetos de infraestrutura ligados a grandes eventos esportivos; d
esenvolvimento de um código de conduta e regras para a distribuição de convites VIP e de ingressos em eventos esportivos; promoção da ética no esporte como parte da responsabilidade dos patrocinadores corporativos; sensibilização dos meios de comunicação sobre o seu importante papel no combate a comportamentos antiéticos e corrupção no esporte e quanto aos riscos associados de perda de independência da mídia; parcerias entre as organizações da sociedade civil e jornalistas para combater a corrupção no esporte.
No documento, Transparência Internacional cita casos exemplares de prevenção à corrupção no esporte. Na Argentina, o capítulo local da Transparência, denominado Poder Ciudadano, elaborou diretrizes para organizações esportivas, de modo a promover administrações mais transparentes e
responsáveis, incluindo a divulgação regular das rendas dos dirigentes e publicação de orçamentos e compras. Na Itália, o capítulo local da Transparência tem foco na educação e cooperação com escolas e promove mesas redondas com funcionários do governo, organizações da sociedade civil e atletas
para discutir mecanismos para incentivar e reforçar a ética e a integridade. No Quênia, o capítulo local da Transparência Internacional atuou como árbitro no polêmico processo de eleição da federação de futebol. Na Suíça, o capítulo nacional de Transparência promove a consciência da corrupção no esporte pela publicação de artigos na mídia e organizando mesas redondas com os árbitros, dirigentes esportivos, associações e representantes dos meios de comunicação

Abertura de inscrições para voluntários acelera envolvimento popular com Copa de 2014

Na última terça-feira, dia 21 de agosto, foi aberta com solenidade em Salvador (BA) a inscrição para o programa de voluntários para a Copa do Mundo de 2014 da FIFA. O programa de voluntariado terá duas dimensões, como anunciou o secretário executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes. A FIFA coordenará os trabalhos do voluntariado nas áreas oficiais das competições, enquanto o governo brasileiro cuidará da atuação de voluntários nas áreas de fluxo, como aeroportos, pontos turísticos e cidades-sede. A abertura da inscrição de voluntários marca a aceleração do envolvimento popular com os preparativos para a Copa de 2014, até o momento mais concentrados nas obras de infraestrutura, como aeroportos e outras ações de mobilidade urbana. Mais de 60 mil pessoas se inscreveram no programa em apenas dois dias.
A atuação como voluntários nas próximas competições da FIFA no Brasil poderá envolver cerca de 7 mil pessoas na Copa das Confederações, em 2013, e aproximadamente 15 mil na Copa de 2014. No ato de inscrição, o candidato deve apontar qual evento deseja participar: a Copa da Confederações, Copa de 2014 ou os sorteios para as respectivas competições. O governo brasileiro e a FIFA esperam que os dois megaeventos contribuam para a expansão da cultura do voluntariado no país. As inscrições podem ser feitas pelo site da FIFA (http://pt.fifa.com/worldcup/organisation/volunteers/welcome.html).
Outros eventos até o final de 2012 contribuirão para impulsionar o envolvimento popular com a Copa das Confederações, marcada para junho de 2013, e com a Copa de 2014, que acontecerá entre junho e julho de 2014. Em setembro ocorrerá o lançamento da mascote. Até o final do ano serão lançados os posteres, para as doze cidades-sede e para a própria Copa do Mundo da FIFA. Recentemente foi lançado o concurso popular para a escolha do nome da bola da Copa de 2014: Bossa Nova, Brazuca ou Carnavalesca.   

sábado, 18 de agosto de 2012

ONU Mulher destaca avanços e desafios na participação feminina nas Olimpíadas

Em 20 anos, a presença das mulheres nas delegações olímpicas deu um salto significativo, indo de 25% em Barcelona, em 1992, para 45% dos 10.500 participantes em Londres, em 2012. Essa evolução foi saudada pela diretora-executiva da ONU Mulheres, Michelle Bachelet, como um sinal do avanço da mulher no esporte, embora ela também ressalte que restam muitos desafios a superar.
Ela observou que pela primeira vez todas as modalidades tinham a participação feminina e que todas as 204 delegações contavam com mulheres, igualmente de forma inédita. Países como Brunei, Catar e Arábia Saudita levaram mulheres para competir em Londres, pela primeira vez na história.
"O poder que o esporte tem em contribuir para o empoderamento de mulheres e meninas é inegável", afirmou a ex-presidente chilena em artigo divulgado por ONU Mulheres. "A participação esportiva permite que elas treinem para se superarem, aumentando suas capacidades e autoconfiança, numa influência benéfica que pode acompanhá-las por toda a vida. No entanto, a desigualdade persiste e priva as mulheres de atingir seu pleno potencial", lamentou Bachelet, citando polêmicas, relacionadas às Olimpíadas de Londres, como os casos da equipe feminina de futebol do Japão (medalha de prata na competição), que viajou na classe turística enquanto a equipe masculina viajou na executiva, e da proposta de uso de saias pelas mulheres que participaram da estreia do box feminino nos jogos - depois do protesto das atletas e de muitas organizações a ideia não prosperou e elas lutaram de short.
A diretora de ONU Mulheres também citou um estudo realizado na Grã-Bretanha, indicando que "apenas 0,5 por cento de todo o patrocínio comercial esportivo vai para esportes femininos, enquanto 61 por cento vai para o masculino, embora as mulheres estejam conquistando cada vez mais torcedores e parcelas maiores de público. O mesmo estudo destaca que os esportes femininos recebem apenas 5 por cento de cobertura midiática e que 43 por cento das adolescentes diz não ter modelos femininos de conduta".
Bachelet destacou igualmente as diferenças salariais entre atletas masculinos e femininos e lembrou que as ativistas pediram ao Comitê Olímpico Internacional "que cumpra a meta estabelecida em 1996, de que as mulheres ocupem 20 por cento dos postos nos conselhos diretivos dos 204 comitês olímpicos nacionais e das 35 federações esportivas filiadas. Atualmente, apenas 10 por cento desses cargos são ocupados por mulheres".
As mulheres estrearam em Jogos Olímpicos em 1990, na segunda edição da era moderna, em Paris. Eram 22 mulheres, ao lado de 975 homens.
A presença das mulheres na delegação brasileira - Seguindo a tendência global, a delegação brasileira teve 123 mulheres, ou 47% do total. Em termos de medalhas, a participação feminina é cada vez mais representativa. Dos três ouros conquistados, pelo Brasil, dois vieram pelas mãos das mulheres, com a judoca Sarah Menezes e a equipe feminina de vôlei, bicampeã olímpica depois de um início de campanha muito irregular.
As primeiras medalhas femininas em Jogos Olímpicos conquistadas pelo Brasil vieram em 1996, em Atlanta, quando Jacqueline e Sandra Pires faturaram o ouro na final contra as também brasileiras Adriana Samuel e Monica Rodrigues. Na mesma Olimpíada, o basquete feminino, com "Magic" Paula, Hortência e Janeth, ficou com a prata, e o vôlei feminino, com Ana Moser, Fernanda Venturini, Leila e Virna, ganhou o bronze.
Em Pequim, em 2008, vieram as primeiras medalhas individuais olímpicas para mulheres brasileiras, inclusive a de ouro, com Maurren Maggi, no salto em distância,  além dos bronzes de Kleyten Quadros no judô e Natália Falavigna no taekwondo.
Em 2012  faz exatamente 80 anos que a primeira mulher brasileira  e sulamericana disputou uma Olimpíada. Foi a nadadora Maria Lenk, nos jogos de Los Angeles, de 1932.  Outra nadadora, Piedade Coutinho, participou das Olimpíadas de 1936, 1948 e 1952.

Pedido de Trégua Olímpica continua valendo até final das Paralimpíadas



Até o final das Paralimpíadas de Londres, em 9 de setembro, continua valendo o pedido de Trégua Olímpica, feito pela Assembleia Geral das Nações Unidas. A iniciativa relembra a trégua nos conflitos, observada na Grécia durante os Jogos Olímpicos da antiguidade. Na reunião de 17 de outubro de 2011, a Assembleia Geral da ONU aprovou a resolução "Construir uma sociedade pacífica e um mundo melhor através do esporte e do ideal olímpico", na qual faz um apelo a que todos os seus 193 estados membros observem o cessar de hostilidades durante o período olímpico de 2012, entre 27 de julho e 9 de setembro, datas, respectivamente, do início dos Jogos de Verão e final das Paralimpíadas, em Londres.
Diversas fontes apontam para o ano de 776 a.C como o início das Olimpíadas na antiga Grécia. Eram jogos realizados em Olimpia, onde estava situado um santuário em homenagem a Zeus, no Noroeste do Peloponeso, a 320 quilômetros de Atenas e a 80 de Esparta. Nesse território, às margens do rio Alfeo, eram promovidas competições e celebrações aos deuses durante cinco dias. Corrida no estádio, corrida com armas, salto em distância, lançamento de disco, box, luta, corrida de bigas, montaria e pentatlo, entre outras, eram as modalidades desses pioneiros Jogos Olímpicos.
Durante os jogos era observada a Ekekheria ou Trégua Olímpica. Três Espondoforos, ou Mensageiros da Paz, partiam de Olímpia para avisar a todo povo que o período de trégua havia começado. O uso de armas era então proibido naquele momento. Com a interrupção das atividades militares, os soldados retornavam a seus quarteis. Poucas vezes essa trégua foi rompida, nos mais de mil anos de duração dos Jogos Olímpicos da antiguidade.
A vinculação entre esporte e paz estava presente na inauguração das Olimpíadas modernas pelo Barão de Coubertin, no final do século 19. Depois de um tempo de esquecimento, durante o longo período da Guerra Fria, o ideal da Trégua Olímpica foi retomado com vigor nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992. A Europa estava atormentada com o início de intensos conflitos armados na antiga Iugoslávia e o então presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o espanhol Juan Samaranch, liderou o pedido de retomada da Trégua Olímpica, aprovada pela Assembleia da ONU em 25 de outubro de 1993. Desde então, em toda véspera de Jogos Olímpicos as Nações Unidas retomam o apelo à Trégua Olímpica.
Em 2000, foi criada a Fundação Internacional para a Trégua Olímpica, fruto de parceria entre o COI e o governo da Grécia. O atual presidente do COI, Jacques Rogge, é o presidente do Conselho Internacional da Fundação.  Atenas é a sede da organização, que em 26 de julho de 2012, nas vésperas da abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, reiterou em mensagem o sentido da Trégua Olímpica, dirigindo-se especialmente à situação na Síria.
Na mensagem, a Fundação Internacional para a Trégua Olímpica fez um apelo para "todos os lados na Síria para honrar a trégua olímpica". Para a Fundação, a suspensão das hostilidades, se ocorresse apenas durante a duração dos Jogos Olímpicos, poderia criar um "espaço para negociações para resolver a crise pacificamente". Um cessar-fogo, continuou a mensagem, representaria "dar esperança e perspectivas para as pessoas sitiadas da Síria por um futuro brilhante e pacífico".
Como aconteceu durante os sucessivos conflitos nas repúblicas que integravam a antiga Iugoslávia, e que duraram até 2001, a Trégua Olímpica não tem sido de novo observada na prática. Durante a atual Trégua Olímpica, continuam ocorrendo a guerra civil na Síria e conflitos em países como Somália, Sudão, Sudão do Sul e Mali. De qualquer modo, o sonho pela paz impulsionada pelo esporte continua, com o sentido da Trégua Olímpica resgatado.

domingo, 12 de agosto de 2012

As lições de Londres-2012 para a sustentabilidade em Jogos Olímpicos

Um dos principais legados de Londres-2012 é o avanço na aplicação dos conceitos de sustentabilidade, em relação às últimas Olimpíadas. Ficaram importantes lições, que já poderão ser aplicadas nos Jogos Olímpicos e Paraolimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 mas que também valem para os dois outros megaeventos no Brasil, a Copa das Confederações, em 2013, e a Copa do Mundo de Futebol, em 2014.
A vinculação entre esporte e meio ambiente começou com força dois anos depois da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, no Rio de Janeiro. Em 1994, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) assinou acordo de cooperação com o Comitê Olímpico Internacional (COI), que neste mesmo ano incluiu o meio ambiente como o terceiro pilar do movimento olímpico, ao lado do esporte e da cultura.
Em outubro de 1999, na Terceira Conferência Mundial sobre Esporte e Meio Ambiente, realizada no Rio de Janeiro, foi lançada a Agenda 21 do Movimento Olímpico Esporte para o Desenvolvimento Sustentável. Medidas concretas relacionadas à sustentabilidade passaram a ser tomadas a partir dos Jogos Olímpicos de Sidney, na Austrália, em 2000. (Ver mais sobre História da relação Esporte e Sustentabilidade na coluna História: http://esporteesustentabilidadenobrasil.blogspot.com.br/p/historia.html)
O projeto de Londres 2012 - Desde a concepção da candidatura, Londres considerou a possível realização dos Jogos Olímpicos como uma excelente oportunidade para estimular a economia local, gerando renda e emprego, a partir da transformação da área mais degradada da cidade, na região Leste, a East London. E a reconstrução deveria seguir princípios da sustentabilidade, segundo os responsáveis pela candidatura.
Uma das medidas tomadas para garantir esse legado de sustentabilidade foi a criação da Comissão para uma Londres-2012 Sustentável, que atuaria no monitoramento das medidas tomadas, com a postura de ser um "amigo crítico". Comentários temáticos e relatórios sobre vários aspectos foram produzidos pela Comissão, cujo mandato expira no início de 2013, após um amplo balanço do que aconteceu de fato em termos de sustentabilidade relacionado aos Jogos Olímpicos e Paraolimpíadas.
Quando Londres se candidatou a sediar os Jogos de 2012, a cidade já havia se comprometido a criar um órgão para o controle independente da sustentabilidade. A Comissão foi então criada em 2007. Um conjunto de 233 recomendações foi feito pela Comissão, que passou a acompanhá-las e a divulgar trimestralmente o status de sua aplicação pelo comitê organizador dos Jogos Olímpicos.
No último balanço trimestral, divulgado um mês antes do início dos Jogos de Londres, a Comissão considerou que tinham sido consideradas satisfeitas 155 recomendações até aquele momento. Foram recomendações relacionadas ao planejamento e execução de medidas concretas para garantir o legado de sustentabilidade dos Jogos Olímpicos, em torno dos cinco eixos principais do Plano de Sustentabilidade Londres-2012: Mudanças Climáticas, Resíduos, Biodiversidade, Inclusão e Vida Saudável. A Comissão considerou nesse levantamento que em relação a outras 46 recomendações haviam sido observados progressos.
Entre as recomendações satisfeitas, estava aquela que, para a Comissão, seria chave para que o Plano de Sustentabilidade fosse executado da melhor forma possível. Era a recomendação de as várias organizações governamentais e não-governamentais com incidência no East London (como a Agência Ambiental, Natural England e Hidrovias Britânicas) buscassem atuar de forma conjunta, visando garantir ações coordenadas, mas sempre com uma postura crítica. Como fruto dessa atuação conjunta, deveria ser formulado um plano de futuro para o Lea Valley, de modo que a infraestrutura implantada dê resultados positivos em termos ambientais, sociais e econômicos para a cidade como um todo e para essa região em particular.
No último balanço trimestral, a Comissão também considerou que algumas recomendações feitas estavam sob risco de não serem cumpridas, tais como: viabilidade da compostagem de algumas embalagens desenvolvidas para serem utilizadas durante a competição, implementação adequada da estratégia de gestão de energia e plano de conservação visando a redução das emissões de carbono durante os jogos e compartilhamento, para além da "família do Comitê Olímpico Internacional", da aprendizagem derivada do legado de sustentabilidade de Londres-2012, de modo a que a indústria de eventos otimize, em outras competições no Reino Unido e em todo mundo, os recursos aplicados nos Jogos Olímpicos deste ano.
Saltos no plano de sustentabilidade -  De qualquer modo, a Comissão para uma Londres-2012 Sustentável considerou que foram verificados avanços em relação a outras Olimpíadas. Algumas áreas em destaque:




Área
Londres 2012
Pequim 2008
Atenas 2004
Sidney 2000
Mobilidade
Garantia de 100% de acesso aos jogos por transporte público, com melhorias significativas no transporte ferroviário e por ônibus
Cinco novas linhas de metrô, implantação do 4º e 5º  anéis viários.
Melhorias gerais no transporte público, incluindo eco-ônibus, nova linha de metrô, linha de trem e novo aeroporto internacional
Novas linhas para o parque.
Design inclusivo
Todos espaços projetados com os princípios do design inclusivo
Espaços concebidos com padrões contemporâneos
Sem informação
Requisitos para a inclusão observados em todos espaços
Criação de uma nova vizinhança ou revitalização da existente
Regeneração do Baixo Lea Valley no East London, que está no coração do projeto olímpico. Planos foram formulados para o futuro da área
Venda por atacado, visando novos usos, de grandes parcelas de terras no centro da cidade, com realocação de milhares de famílias no subúrbio  

Localização dos Jogos Olímpicos dependeu das terras existentes, não havendo estratégias de revitalização
Uma nova cidade foi planejada para 10 anos depois dos Jogos. A Vila Olímpica tornou-se um novo subúrbio
Infraestrutu-ra em energia renovável
Metas de energias renováveis  não cumpridas devido a falha técnica da proposta tecnológica para o território dos eventos. No entanto, medidas compensatórias foram tomadas no lugar e superadas
Compromisso de instalar rede  geotérmica de aquecimento para cobrir 16 milhões de metros quadrados. Vários locais equipados com energia geotérmica, fontes de água e ar provenientes de bombas de calor e sistemas de energia solar fotovoltaica
Sem energia solar fotovoltaica incorporada aos locais de encontro. Abordagem convencional de design em todos os locais. Sem medidas de economia de água
Vila Olímpica e alguns locais incluindo energia solar fotovoltaica. Medidas de economia de água, incluindo uma  estação de tratamento (WRAMS) que também fornece energia renovável
Redução de carbono
Meta de redução de 50% do carbono das operações na infraestrutura criada foi excedida, embora com medidas de compensação fora deste território
Impostos mais altos aplicados aos veículos maiores. 90% dos ônibus e 70% dos táxis usaram gás natural
Sem informação
Sem informação
Qualidade do ar
Meta de redução média de 30% dos congestiona-mentos através do aumento das caminhadas, ciclismo e do uso de transportes públicos
Fechamento de usina siderúrgica pesada na cidade, redução do número de veículos mais antigos nas estradas, restrições ao uso de veículos observadas nos Jogos estendidas em 12 meses após o evento
Campanha para aumento da consciência pública visando diminuir o número de carros
Sem metas específicas, mas o grande uso de transporte publicou reduziu o impacto do uso de veículos particulares
Metas em resíduos
Principal  compromisso de que os Jogos sejam um catalisador para a infra-estrutura de resíduos em East London  não será alcançada. Contudo, metas substanciais relativas aos resíduos foram observadas durante a fase de construção e durante os Jogos
Meta de que, em 2005,  96% de todos os resíduos e águas residuais  seriam eliminados de forma segura e tratados.
Sem atividades de reuso de material e reciclagem
90% dos materiais usados ou reciclados no próprio site. Política de embalagem para resíduos de alimentos
Materiais de construção
Varias metas definidas quanto ao uso de materiais ambientalmente sensíveis e de  reutilização de materiais em construção. As metas foram cumpridas
Não houve, mas foi feito um esforço relacionado ao uso de materiais em todas as fases de construção. Houve por exemplo um programa para eliminação progressiva dos gases que afetam a camada de ozônio e uso de materiais compostos de madeira para fabricação de mobiliário
Sem informação
Política de materiais ambientalmen-te sensíveis como PVC e madeira
Infraestrutu-ra de resíduos
Estação de tratamento de água residual que limpa e recicla água não potável foi construída no local
Meta declarada de construção de 14 novas estações de tratamento de águas residuais
Remediação de antigo aterro sanitário
Antigo aterro nivelado e equipado com captura de gás metano,  mas infra-estrutura não foi ativamente implantada
Plano de biodiversi-dade
Claro plano de ação em biodiversidade visando substituir a diversidade de espécies que foi perdida durante a construção e melhoria da biodiversidade no território
Criação de áreas verdes incluindo 680 hectares de parque e aumento do plantio de árvores incluindo 240 km de árvores e gramados
Houve propostas não executadas
Criação de novo parque
Metas de empregos locais
Metas específicas para emprego local foram superadas
Sem metas específicas
Sem consultas ou participação da comunidade
Forte estratégia de voluntariado
Criação de novas oportunida-des de negócios na área do legado
Planos de criar novas oportunidades de negócios por vários meios
Plano para tornar Pequim não apenas uma cidade produtora mas consumidora, com benefícios econômicos
Modestos impactos econômicos de longo prazo, embora infraestrutura tenha seus efeitos
Demora no estabelecimen-to de novo centro da cidade, mas economia cresceu por meio dos investimentos feitos
Resultados para a saúde em geral
Reiteração de metas de aumento da atividade física e participação em esportes durante sucessivos governos. Progressos nesta área não são animadores
Críticas a respeito de que muitos locais de esportes são caros para a população de Pequim
Sem metas propostas
Intenção declarada de melhorar  participação nos esportes a partir do efeito Olímpico, mas não houve monitoramento deste impacto

Fonte:  “Assegurando um legado - promessas, progresso e potencial”, da Comissão para uma Londres-2012 Sustentável, março de 2012, que citou, por sua vez, Gold JR & MR 2011 Olympic Cities Second Edition; Locate in Kent 2009 Economic Impacts of Olympic Games; Manidis Roberts 2010 The Legacy of the Green Games; East Thames nd 2012- Home Games; Greenpeace n.d The Beijing 2008 Environmental Performance Evaluation; UNEP 2008 UNEP Evaluation of Beijing 2008 Games. )
O propósito de renovação completa do Lea Valley, no East London, foi enfim alcançado, com a observação de muitos princípios da sustentabilidade e em função da governança estabelecida. Um dos principais pontos é que os Jogos Olímpicos e as Paraolimpíadas de 2012 em Londres são os primeiros da história olímpica a mapear a pegada de carbono, visando a redução de pelo menos 50% das emissões. A meta de geração de 20% da energia consumida no projeto olímpico por fontes renováveis não foi cumprida, porque não houve, ao contrário do esperado, aumento substancial da oferta de energias renováveis em Londres no período, mas foram aplicadas medidas para uso mais eficiente da energia.     
O fato de que mais de 80% do solo foram limpos e reutilizados no próprio território do parque olímpico indica a dimensão das operações, que incluiram o transporte de 2 mil toneladas de resíduos por barcaças. As fundações para o Centro Aquático, Arena de Handball e Estádio Olímpico usaram concreto com mais de 30% de material reciclado. Um viveiro do Reino Unido foi contratado para fornecer 60.000 plantas para o jardim do Parque Olímpico, localizado ao lado do Centro Aquático. No final de dezembro de 2010, havia 6500 pessoas trabalhando no Parque Olímpico e mais de 5300 na Vila Olímpica. Mais de 200 mulheres foram contratadas, o projeto envolveu mais de 400 aprendizes e 75% das pessoas anteriormente desempregadas e que foram contratadas eram provenientes de cinco distritos de East London.
O conceito geral de sustentabilidade observado foi construído com a parceria das organizações BioRegional e WWF. O relatório de sustentabilidade de Londres-2012 foi elaborado de acordo com os indicadores do GRI - Global Reporting Initiative. Este relatório, mais as conclusões da Comissão para uma Londres-2012 Sustentável, representam importantes subsídios para os próximos megaeventos esportivos - quatro deles a serem realizados no Brasil nos próximos quatro anos. (Por José Pedro S.Martins)    


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Criação de Grupo Gestor dá pontapé inicial para Copa Orgânica e Sustentável

Nesta sexta-feira, 10 de agosto, será criado durante seminário em São Paulo o Grupo Gestor da campanha Copa Orgânica e Sustentável. A intenção é criar uma associação nacional visando elaborar o planejamento e execução da campanha, que será lançada em escala nacional em novembro. O propósito da Copa Orgânica e Sustentável será estimular a produção e comercialização de produtos orgânicos em vários tipos de estabelecimentos por ocasião da Copa de 2014, aumentando a visibilidade e fortalecendo esse segmento agrícola em constante crescimento. Agricultores familiares, sociedade civil e empresas devem estar representados no Grupo Gestor.
Após  a criação da associação, será solicitado o apoio do governo federal, por meio do Grupo de Trabalho Interministerial. O Ministério do Desenvolvimento Agrário é um dos principais estimuladores da campanha Copa Orgânica e Sustentável.
A agricultura orgânica está em constante crescimento em todo mundo e também no Brasil. Segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), dois milhões de agricultores orgânicos já estão certificados no mundo, sendo 80% deles nos países em desenvolvimento, onde estão igualmente 73% das áreas certificadas para a apicultura orgânica e coleta de produtos vegetais cultivdos em estado selvagem. As estimativas são de que a agricultura orgânica já estaria movimentando um comércio de US$ 60 bilhões anuais.
Um dos principais portais para a expansão da agricultura orgânica no mundo é a BioFach, grande feira de produtos orgânicos, realizada em Nuremberg, na Alemanha. Na edição de 2012, em fevereiro, a feira contou com mais de 2,5 mil expositores. O Brasil estava presente com dez empresas do setor, ligadas ao Projeto Organics Brasil.
Esta representação indica o estágio da agricultura orgânica no Brasil, um setor também em crescimento, mas que continua a enfrentar desafios, como nas áreas de certificação e comercialização. Embora tenha uma das maiores produções agrícolas do mundo de forma geral (produção anual em torno de 150 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas), o Brasil ainda tem um espaço muito grande para crescimento do mercado de orgânicos, diante do potencial existente.
Previsto na Lei 10.831, de 2003, regulamentada em 2007, com o decreto 6323, o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, em construção, dará a dimensão exata da produção da agricultura orgânica no Brasil. A lei estabeleceu o que realmente pode ser caracterizado como orgânico. A expectativa é a de que a campanha Copa Orgânica e Sustentável contribua para a ampliação da visibilidade da agricultura orgânica no Brasil, influenciando no aumento da produção e melhoria da distribuição e comercialização.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Olimpíadas de Londres renovam histórias de superação

Durante duas semanas, a utopia resgatada. As Olimpíadas de Londres estão renovando as histórias de superação associadas ao esporte. São trajetórias pessoais marcadas por enormes desafios, mas coroadas com medalhas olímpicas ou apenas com a satisfação de estar competindo entre os melhores, indicando vitórias no jogo mais importante, o jogo da vida.
É o caso de Joanna Rowsell,  integrante da equipe britânica campeã olímpica de ciclismo, na prova que teve Paul McCartney como espectador ilustre. Aos 10 anos ela recebeu o diagnóstico de alopecia, doença que provoca a queda dos pelos do corpo. Cinco anos depois, o ciclismo começou a mudar a sua vida e a sua prioridade passou a ser a preparação para as competições. Venceu campeonatos juvenis e em 2008 integrou a equipe britânica campeã mundial, repetindo o feito em 2009 e 2012.
Uma das biografias mais impressionantes, ligadas aos Jogos Olímpicos de Londres, é a de Adrien Niyoshuti, 25 anos. Ele perdeu os pais, o avô e seis irmãos no genocídio ocorrido em Ruanda em 1994, quando 800 mil pessoas morreram, como resultado das disputas entre Hutus e Tutsis. Ele começou a carreira no ciclismo como consequencia do trabalho que fazia, transportando hortaliças e legumes em bicicletas. Niyoshuti carregou a bandeira de Ruanda na cerimônia de abertura em Londres. Seu país levou sete atletas à Inglaterra.
Outro africano que tem uma bela história para contar é o velocista Oscar Pistorius. O sul-africano é o primeiro atleta bi-amputado a competir na Olimpíada e na Paraolimpíada. Ele chegou à semifinal dos 400 m rasos em Londres. Embora não tenha se classificado para a final, já tem o nome inscrito na galeria da superação.
Impossível não citar, igualmente, o feito de atletas de países de baixa renda, mas que se tornaram referência mundial em várias modalidades.  Caso dos etíopes e quenianos do atletismo, tão bem conhecidos dos brasileiros pela sua tradicional e vitoriosa participação na Corrida de São Silvestre e outras competições semelhantes. Para variar, a etíope Tiki Gelana ganhou a maratona feminina em Londres. A queniana Priscah Jeptoo ficou com a medalha de prata.
Claro, Usain Bolt, o jamaicano bicampeão olímpico nos 100 metros rasos, na prova que teve outro compatriota, Yohan Blake, como segundo colocado.  A terra do reggae também assombra o mundo nas pistas de atletismo.
Terminadas as Olimpíadas, logo depois a capital britânica sediará o momento máximo da superação pelo esporte. A décima-quarta edição das Paraolimpíadas acontecerá entre 29 de agosto e 9 de setembro. Serão 21 modalidades, proporcionando novos relatos de transposição de barreiras, de celebração da beleza da vida (Por José Pedro S.Martins)

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Não faltou jogo para o futebol feminino: falta projeto de país



Por José Pedro Martins

O Brasil provavelmente levará o ouro no futebol masculino (embora ainda tenha que jogar muito para isso), mas de novo a nota triste é o descaso absoluto com o futebol feminino. Essas meninas são as nossas verdadeiras heroinas olímpicas. Sem nenhuma retaguarda, sem nenhum apoio, sem liga nacional, continuam correndo muito pelo país. É claro que uma hora ou outra não conseguiriam ficar entre as quatro melhores. Miopia, machismo descarado. Para o milionário futebol masculino, tudo, para o feminino, o sorriso amarelo de sempre. (E o mesmo pode ser dito em relação à maioria das outras modalidades) Com esse espírito olímpico (e o esporte em geral reflete os valores que um país cultiva), continuaremos lá na ponta oposta da tabela, e nem os jogos no Rio em 2016 irão salvar a casa.
Quando, em 1996, as meninas ficaram em quarto lugar nas Olimpíadas de Atlanta, deixando evidente o enorme potencial de avanços maiores, já deveria ter sido iniciado o tão falado e nunca praticado trabalho de base com o futebol feminino no Brasil. Qualquer país com ambição - e aqui a palavra é empregada no sentido mais positivo possível - olímpica, ou melhor, que efetivamente encara o esporte como plataforma para o desenvolvimento humano integral, faria isso.
Quatro anos depois, em Sydney, outro quarto lugar. Em 2004 e 2008, em Atenas e Pequim, a medalha de prata. Já era tempo de estruturação de um trabalho efetivo, a partir das escolas, como ocorre nos países que levam o esporte - e a educação - a sério, e isso nas mais diversas situações, dos Estados Unidos à Coreia do Sul, da China a Cuba.
Mas a esperança continuou apenas em função do talento individual, do brilho, de Marta ou Cristiane (o Brasil sempre dependendo de um líder...). Marta pouco jogou nos últimos dois anos. A liga americana, onde jogava, depois de anos na Europa, chegou a ser suspensa - o que não diminuiu o poderio do futebol feminino nos Estados Unidos, justamente porque lá existe o tal trabalho de base, a partir das escolas no primeiro ciclo.
Marta agora está falando em talvez não jogar as Olimpíadas de 2016. Ela provavelmente está amargurada e decepcionada com seu país. Deve ser muito difícil carregar a esperança de uma nação, mas não receber o retorno desejado desta mesma nação. Ela sabe muito bem a causa do fracasso em Londres.
Em "Lisístrata", Aristófanes descreve uma suposta greve do sexo - um ato biopolítico naquele contexto - entre as mulheres gregas, como forma de forçar a paz entre atenienses e espartanos, os precursores dos mágicos Jogos Olímpicos. Nos últimos tempos, greves e protestos tornaram-se comuns entre atletas de diferentes modalidades. Guardadas as devidas proporções históricas, e utilizando outros meios políticos, é claro, as meninas do futebol feminino talvez devessem pensar em um movimento firme para garantir o trabalho de base necessário para que o brilho retorne em 2016 no Rio de Janeiro - se é que ainda dá tempo. Não foram Marta, Cristiane e outras atletas que falharam. O que faltou, o que falta, é um projeto de Brasil.