sábado, 18 de agosto de 2012

ONU Mulher destaca avanços e desafios na participação feminina nas Olimpíadas

Em 20 anos, a presença das mulheres nas delegações olímpicas deu um salto significativo, indo de 25% em Barcelona, em 1992, para 45% dos 10.500 participantes em Londres, em 2012. Essa evolução foi saudada pela diretora-executiva da ONU Mulheres, Michelle Bachelet, como um sinal do avanço da mulher no esporte, embora ela também ressalte que restam muitos desafios a superar.
Ela observou que pela primeira vez todas as modalidades tinham a participação feminina e que todas as 204 delegações contavam com mulheres, igualmente de forma inédita. Países como Brunei, Catar e Arábia Saudita levaram mulheres para competir em Londres, pela primeira vez na história.
"O poder que o esporte tem em contribuir para o empoderamento de mulheres e meninas é inegável", afirmou a ex-presidente chilena em artigo divulgado por ONU Mulheres. "A participação esportiva permite que elas treinem para se superarem, aumentando suas capacidades e autoconfiança, numa influência benéfica que pode acompanhá-las por toda a vida. No entanto, a desigualdade persiste e priva as mulheres de atingir seu pleno potencial", lamentou Bachelet, citando polêmicas, relacionadas às Olimpíadas de Londres, como os casos da equipe feminina de futebol do Japão (medalha de prata na competição), que viajou na classe turística enquanto a equipe masculina viajou na executiva, e da proposta de uso de saias pelas mulheres que participaram da estreia do box feminino nos jogos - depois do protesto das atletas e de muitas organizações a ideia não prosperou e elas lutaram de short.
A diretora de ONU Mulheres também citou um estudo realizado na Grã-Bretanha, indicando que "apenas 0,5 por cento de todo o patrocínio comercial esportivo vai para esportes femininos, enquanto 61 por cento vai para o masculino, embora as mulheres estejam conquistando cada vez mais torcedores e parcelas maiores de público. O mesmo estudo destaca que os esportes femininos recebem apenas 5 por cento de cobertura midiática e que 43 por cento das adolescentes diz não ter modelos femininos de conduta".
Bachelet destacou igualmente as diferenças salariais entre atletas masculinos e femininos e lembrou que as ativistas pediram ao Comitê Olímpico Internacional "que cumpra a meta estabelecida em 1996, de que as mulheres ocupem 20 por cento dos postos nos conselhos diretivos dos 204 comitês olímpicos nacionais e das 35 federações esportivas filiadas. Atualmente, apenas 10 por cento desses cargos são ocupados por mulheres".
As mulheres estrearam em Jogos Olímpicos em 1990, na segunda edição da era moderna, em Paris. Eram 22 mulheres, ao lado de 975 homens.
A presença das mulheres na delegação brasileira - Seguindo a tendência global, a delegação brasileira teve 123 mulheres, ou 47% do total. Em termos de medalhas, a participação feminina é cada vez mais representativa. Dos três ouros conquistados, pelo Brasil, dois vieram pelas mãos das mulheres, com a judoca Sarah Menezes e a equipe feminina de vôlei, bicampeã olímpica depois de um início de campanha muito irregular.
As primeiras medalhas femininas em Jogos Olímpicos conquistadas pelo Brasil vieram em 1996, em Atlanta, quando Jacqueline e Sandra Pires faturaram o ouro na final contra as também brasileiras Adriana Samuel e Monica Rodrigues. Na mesma Olimpíada, o basquete feminino, com "Magic" Paula, Hortência e Janeth, ficou com a prata, e o vôlei feminino, com Ana Moser, Fernanda Venturini, Leila e Virna, ganhou o bronze.
Em Pequim, em 2008, vieram as primeiras medalhas individuais olímpicas para mulheres brasileiras, inclusive a de ouro, com Maurren Maggi, no salto em distância,  além dos bronzes de Kleyten Quadros no judô e Natália Falavigna no taekwondo.
Em 2012  faz exatamente 80 anos que a primeira mulher brasileira  e sulamericana disputou uma Olimpíada. Foi a nadadora Maria Lenk, nos jogos de Los Angeles, de 1932.  Outra nadadora, Piedade Coutinho, participou das Olimpíadas de 1936, 1948 e 1952.

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