domingo, 6 de novembro de 2011

Um Dia Internacional desprezado, mas com tema fundamental para um futuro sustentável

Cartaz contra armas nucleares no interior da Alemanha, final da década de 1980: dinheiro da corrida armamentista poderia erradicar fome no mundo e prevenir mudanças climáticas


Neste 6 de novembro a ONU celebra o Dia Internacional para a Prevenção da Exploração do Meio Ambiente na Guerra e Conflitos Armados. Criada há dez anos, a data não é badalada como outros Dias Internacionais, não recebe praticamente nenhuma menção na imprensa, mas trata de um tema fundamental para o grande desejo - pelo menos no discurso - atual da comunidade global, um futuro com sustentabilidade, paz, respeito e proteção do meio ambiente, desenvolvimento econômico, igualdade social e valorização da diversidade.


Este Dia Internacional foi aprovado pelas Nações Unidas em sessão a 13 de novembro de 2001, poucos dias, portanto, depois dos atentados em Nova York e Washington, a 11 de setembro daquele ano. Data que deu novos rumos ao século 21, que se esperava de plena paz, com o fim da corrida armamentista que vicejou e consumiu milhares de vidas e recursos financeiros e ambientais ao longo do século 20. De fato, após a queda do Muro de Berlim, em 1989, houve uma redução dos gastos militares em escala global. Contudo, após o 11 de setembro, os gastos em armamentos voltaram a aumentar.


Atualmente, segundo várias fontes, os gastos globais anuais com armas e outros ítens do orçamento militar estão entre US$ 1 trilhão e US$ 1,5 trilhão. Muito menos da metade disso seria dinheiro suficiente, de acordo com vários estudos, para erradicar a fome e prevenir a geração de gases que agravam o aquecimento global. Mas uma cegueira impressionante e a volúpia desmedida por ganhos financeiros, à custa da vida humana e toda forma de vida, continua comandando o mercado bélico.


Seria um enorme passo que a Rio+20 deixasse uma mensagem de esperança, no sentido de condenação explícita das guerras e do mercado bélico, com a conversão do dinheiro hoje gasto nesse setor para promover um grande pacto global contra a pobreza e um modelo de desenvolvimento de fato sustentável. Os exemplos de que o atual modelo é insustentável não param de se repetir. Foi muito criticado, por exemplo, o enorme gasto financeiro recente para financiar operações militares da OTAN na Líbia, justamente no momento de uma crise econômica que corroi muitos pilares europeus.


Ao promover o Dia Internacional para a Prevenção da Exploração do Meio Ambiente na Guerra e Conflitos Armados, a ONU pretendeu acender uma pequena vela na consciência planetária, no sentido de que guerra, armas e conflitos não rimam com a paz e a sustentabilidade. A atual geração tem a possibilidade de resgatar a esperança. A Rio+20 é um fórum mais do que adequado para tocar no tema. (Por José Pedro Martins)





Nenhum comentário:

Postar um comentário